O que meus amigos não sabem sobre HIV

Olá, eu sou a Valéria e esse é o blog "O que meus amigos não sabem sobre HIV", uma iniciativa do Curso de Extensão em Popularização da Ciência da Universidade Federal do ABC.

HIV tô fora! Pego minha PrEP e vô embora!

No conteúdo de estreia desse blog, falamos sobre como funciona a Profilaxia Pré-Exposição, uma medicação que proporciona uma nova estratégia biotecnológica para prevenção do vírus da imunodeficiência a humana (HIV).

Esse texto é o primeiro do blog intitulado "O que meus amigos não sabem sobre hiv", iniciativa para desmistificar o HIV e trabalho de conclusão do Curso de Extensão em "Popularização da Ciência", da Universidade Federal do ABC.

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Segundo dados do Painel de Indicadores Epidemiológicos do HIV, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde do Governo Federal, 87 mil PEPs foram dispensadas em 2018 (35% apenas no Estado de São Paulo), um aumento de 700% do uso desde a sua introdução no SUS, em 2010 (11.919 dispensas). Esses dados demonstram o aumento da procura por opções para prevenção do HIV além do uso do preservativo, a ferramenta mais tradicional e ainda a opção mais segura que contempla a prevenção de outras ISTs (Qual o certo? ISTs ou DSTs?)

Porem, existem inúmeros motivos os quais as pessoas não usam preservativo: Ansiedade, Desempenho, Emocional, Esquecimento, Não tinha no momento, Auto-estima enfraquecida, Ausência de abordagem familiar, Falta de discussão e debate nas escolas e comunidades, Mito do amor romântico, Incapacidade de negociação, Falta de informação, Falta de marketing voltado a saúde, Onipotência juvenil ou tardia, Comportamento sexual compulsivo e DISFUNÇÃO ERETIL (terminologia menos estigmatizante para impotência sexual).

No episódio 130 do podcast "Mamilos" (08-12-2017) de produção da Cris Bartis e Juliana Wallauer, a sexóloga Ana Canosa referiu que metade da população brasileira tem disfunção sexual, um dos principais motivos que os homens, independente da orientação sexual, não utilizam camisinha e isso vem atingindo os jovens tambem.

A PrEP (Profilaxia Pré-exposição) é uma pílula tomada diariamente destinada a pessoas que não tem HIV para impedir que elas contraiam a infecção, comparada como uma pílula contraceptiva, assim com a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é comparada a pílula do dia seguinte (PrEP e PEP: Qual a diferença?). Comercialmente chamado de TRUVADA, a profilaxia consiste na tomada diária de um comprimido formado por entricitabina (FTC) e fumarato de tenofovir desoproxila (TDF) e funciona bloqueando a enzima transcriptase reversa do vírus, impedindo que o HIV faça cópias de si mesmo dentro das células humanas. A enzima permite a transcrição da fita simples RNA (que o vírus é formado) para DNA dentro das células T CD4+, que são as células que conferem imunidade no nosso corpo. Esse texto não é sobre HIV, mas é importante contextualizar que o aumento do virus é inversamente proporcional às células T CD4+, fazendo com que o individuo entre na Sindrome da Imunodeficiência Adquirida", a famosa SIDA, ou familiarizada do inglês para nós como AIDS, e fique vulnerável para infecções oportunistas (Quais são as doenças indicadoras de AIDS?)

Outros medicamentos anti-HIV estão sendo estudados e serão abordados futuramente neste blog. O estudo iPrEX, financiando pela Fundação Bill e Melinda Gates e publicado em 2010, acompanhou um grupo de homens que fazem sexo com homens em uso da PrEP e concluiu que o uso correto da medicação diariamente confere altos níveis de FTC-TDF na corrente sanguínea e, por consequência, o efeito profilático. Porque tomar diariamente?

A PrEP precisa de uma semana para oferecer proteção em relações anais receptivas e 20 dias para oferecer proteção vaginal, no caso de mulheres cis (Cis e Trans, você sabe a diferença?). No caso de pessoas que fazem hormonioterapia, como a população trans, população chave, não existem estudos sobre a interação medicamentosa do FTC-TDF e hormônios, por isso o acompanhamento de marcadores renais e hepáticos de faz necessário a cada 3 meses durante o uso da PrEP. Você pode inclusive ingerir alcool enquanto está em uso de PrEP. Mas é bom lembrar que a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e outras drogas, podem induzir um comportamento sexual de risco.

Segundo o PCDT-PrEP, os segmentos populacionais prioritários definidos para o uso são: homossexuais do sexo masculino e outros homens que fazem sexo com homem (HSHs), pessoas transsexuais, profissionais do sexo independente do gênero e orientação, e parcerias sorodiferentes (sorodiscordantes ou sorodiferentes?), que são pessoas que mantêm relações sexuais com uma pessoa infectada sem uso de preservativo. No geral, os serviços acolhem todos os interessados em realizar PrEP mas é importante salientar que a orientação para redução de riscos, uso de preservativos e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, é importante para decisão do indivíduo e questionar: Qual a necessidade de uma pessoa fazer uso de uma medicação continua sem estar exposta ao risco de infecção? (Quando devo parar de tomar a PrEP?)

A PrEP não é uma vacina. A medicação não irá estimular que o seu organismo produza anticorpos.

No Brasil, a PrEP é oferecida gratuitamente via Sistema Único de Saúde, e aqui você pode se informar dos locais que oferecem a profilaxia. Para se inscrever, você deve procurar um desses serviços, comparecer a entrevista de triagem, ser elegível, comparecer nas consultas médicas agendadas, realizar testagens periodicamente, fazer os exames e é claro, ter boa adesão á medicação (A PrEP já deu errado?)

Indicadores de PrEP Nacional apontam até o momento 9.211 usuários de PrEP e 45.397 dispensações da medicação.

A PrEP não impede que o indivíduo de contrair outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, clamídia, papilomavirus ou corrimento uretral por gonorréia. Entre 2010 e 2019, 649.814 casos de sífilis foram notificados.

Esse blog incentiva o uso da camisinha!

Mas a prevenção combinada considera que diferentes contextos da vida necessitam de diferentes ferramentas de prevenção. Ricardo Vasconcellos, médico infectologista e coordenador do SEAP-HIV do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e dos projetos PrEP Brasil e HPTN083 de PrEP Injetavel, refere que essas ferramentas de prevenção proporcionam autonomia para que a pessoa encontrem as melhores estratégias para sua realidade. No Brasil, a implantação da PrEP foi importante e demonstrou melhor custo-efetividade pois aumenta a expectativa de vida de populações historicamente marginalizadas, como homens gays e mulheres trans.


#HIV #PrEP #Aids


Referências

https://medium.com/@oquemeusamigosnaosabemsobreHIV

https://www.b9.com.br/shows/mamilos/mamilos-130-aids-nova-geracao/

https://www.youtube.com/watch?v=jyDHRJ_zwQ4

https://www.cdc.gov/hiv/basics/prep.html

https://www.youtube.com/watch?v=-Xx92whZS0o

https://www.pan.org.au/watch/how-does-prep-work

https://www.hiv-norden.org/wp-content/uploads/2017/01/PrEP_briefing_paper.pdf

https://prepfacts.org/prep/the-basics/

https://agenciaaids.com.br/noticia/dados-da-onu-na-contramao-do-mundo-brasil-tem-aumento-de-21-de-novos-casos-de-sids-em-8-anos/

https://unaids.org.br/estatisticas/

https://www.aids.gov.br/pt-br/gestores/painel-de-indicadores-epidemiologicos

https://www.aids.gov.br/pt-br/painel-prep

https://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/prep-profilaxia-pre-exposicao

https://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-profilaxia-pre-exposicao-prep-de-risco

https://www.youtube.com/watch?v=DQKQeT8kNkU&t=422s


<Sobre a autora e o blog>

Valéria Oliveira Silva, bióloga 

Valéria tem formação em Ciências Biológicas, especialização em Análises Clínicas e foi residente no Programa de Aprimoramento Profissional da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Mestre em ciências com ênfase em Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública e sua dissertação foi capa da 40º edição da revista Parasite Immunology em setembro de 2018. Atualmente é aluna de Doutorado na Coordenadoria de Controle de Doenças do Estado de São Paulo e atua no Centro Médico de Especialidades em Infectologia de Santo André (SP), serviço de Referência em assistência, ensino e pesquisa em Infecções sexualmente transmissíveis, HIV e hepatites do município. Bagunceira, fã do SUS e eventualmente rabisqueira. 

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